Assistam! Vem aí o curta-metragem!
A história do Jongo em Marataízes
Uma viagem ao passado do Portuário da Barra do Itapemirim e das tradicionais festividades: Festa das Canoas e Nossa Senhora dos Navegantes, onde a fé, a religião, a tradição e a cultura popular se entrelaçavam. O cronista Rubem Braga, nos anos 1940, registrou essas festividades e testemunhou a frenética dança de Benedito Calunga. O jongo era uma prática presente entre os antigos moradores da Barra do Itapemirim, mas, devido ao preconceito estrutural, a dança e os encontros foram gradativamente suprimidos. Por um período, sobreviveu camuflado nas festas juninas, servindo de alívio para suas dores e resistindo ao esquecimento.

Vale ressaltar a presença de Dona Jacirema, filha de antigos jongueiros e pescadores, relembra seu pai, o senhor Jovino Ribeiro, que anualmente se vestia de marinheiro para carregar os andores de Nossa Senhora dos Navegantes e de Nossa Senhora da Penha, ambas as celebrações religiosas e centenárias dos pescadores. Sua mãe, Dona Geneci dos Santos, trabalhava como gari em Itapemirim durante o dia, era marisqueira à tarde e, à noite, transformava-se na dançarina mais animada de Marataízes e participava de todas as festas e principalmente do jongo a convite da mestra Dona Geralda e do Mestre Bento.
Outra personagem importante é a descendente de jongueiros, a Jaciele Candal Gomes, servidora pública municipal, filha de Dona Jacirema, recorda-se de seus avôs levando-a para as festas juninas, onde dançavam o jongo ao som dos tambores conduzidos pela mestra Tia Geralda, de Itapemirim. As fogueiras serviam como um “disfarce”, assando batatas-doces, tradicionais das festas juninas, ao mesmo tempo em que aqueciam os corações dos antigos dançarinos e os couros dos tambores. As mulheres não podiam cantar os versos ou pontos, somente dançar e parar o ritmo com as pontas das saias rodadas nos rostos dos jongueiros solistas. Conclui Jaciele.
A exuberante Marataízes, essa colônia de pescadores e produtores agrícolas, é um lugar marcado pela miscigenação, principalmente afro descendente. Dona Zezé conta que seu avô veio da África e carregava o sobrenome Gomes. Ela vivenciou muitas histórias e, sobretudo, a dança tradicional da cultura popular, junto com sua mãe, também pescadora.
O curta-metragem traz depoimentos de historiadores, moradores nativos e descendentes, resgatando a existência e a importância do jongo. Entre os relatos, destaca-se o de senhor Vergílio Pereira, de 97 anos, avô do Professor de História Cleber Pereira, morador do bairro Santa Tereza, que ainda entoa versos improvisados cantados durante as apresentações do jongo nas Festas das canoas.
No dia 19 de março, às 22h, o curta-metragem será lançado no canal do YouTube da produtora Bárbara Pérez, Encantos do Vale e Cultura Popular: https://www.youtube.com/@encantosdovale6602.
Os depoimentos de Genildo Coelho, pesquisador e presidente do Instituto de Preservação do Patrimônio Cultural Ádapo, reforçam que o jongo existiu e persistiu na Barra do Itapemirim, ainda que, em determinados momentos, estivesse “disfarçado” nas festas juninas. Outros depoimentos, como o do senhor Vergílio Pereira e dos descendentes do jongo que moram nas ruas Alda Messias e José Brumana – que, no passado, foram apelidadas de “Rua dos Macacos” e posteriormente “Rua da Bacia” – mostram como essa tradição resistiu ao tempo.
O resgate do Jongo de Memória Maria Preta e Zé Porto em 2017, pela escritora Bárbara Pérez, tem sido essencial para preservar as raízes e tradições da cultura popular, especialmente em um momento de muito preconceito religioso. A iniciativa promove oficinas e palestras em escolas para que as novas gerações possam conhecer suas ancestralidades e reconhecer a importância da diversidade cultural.
O filme também será exibido para alunos do ensino médio nas escolas estaduais de Marataízes e no espaço da sede da APAE da cidade, reforçando a importância da identidade histórica local. Um povo sem história é um povo sem identidade! O sangue ribeirinho e maratimba carrega a descendência afro e indígena, e, ao som dos tambores de madeira oca e couro animal, seguimos dançando e fazendo poesia com os “pontos” do jongo. Ainda a tempo de vencer os preconceitos religiosos!
O curta-metragem é um projeto da escritora Bárbara Pérez, fundadora e diretora do Jongo de Memória de Marataízes, Maria Preta e Zé Porto. A obra homenageia os nativos jongueiros e retrata a história dos pescadores e suas esposas marisqueiras, que, mesmo em meio às labutas diárias da pesca, encontravam tempo e alegria para dançar e jongar ao som do mar e do Rio Itapemirim, celebrando essa expressão cultural nas festividades religiosas e centenárias.
Ficha Técnica do documentário:
Depoimentos: Alfredo Enéas Alves, Genildo Coelho, Bárbara Pérez, Catarina dos Santos Ferreira.
A trilha sonora é em homenagem ao saudoso Ricardo de Oliveira Lemos
Participantes do Jongo de Memória de Marataízes:
Ricardo de Oliveira Lemos (in memoriam),Rodrigo Campos Assunção,Michelle Fonseca Nasr Maria Alessandra de Freitas Barros,Bárbara Péres,Elias Calixto de Oliveira,Isabel Cristina Rosa Pimentel,Catarina dos Santos Ferreira,Eliete Fonseca Lopes,Edilson Celestino Ferreira,Maria Elisabeth Vargas Peixoto,Rita Bernarde Miranda Rosa,Ivilisi Soares Azevedo,Carlos Eduardo Costa Almeida,Vinicius Cruz Bodart e Mayara Batista.
Agradecimentos: Jaciele Santos Candal Gomes, Jacirema Santos, Adalton Ferreira Lima, Virgílio Pereira ( 97 anos) e ao casal Geneci Santos( Sassarica) e Jovino Ribeiro ( in memoriam) Todos descendentes de Jongueiros de Marataízes
Equipe Técnica:
Direção Geral: Bárbara Péres e Dr. Sérgio Dário Machado
Auxiliar de direção: Walter Pedroni
Roteiro: Bárbara Pérez e Eliete Fonseca Lopes
Direção de arte: André Luís Soares
Produção: Bárbara Pérez, Maestro Mauro Sérgio e cineasta Adilson Caetano
Maquiagem: Cláudia Regina Vinhas Paulini e Eliete Fonseca Lopes
Direção Trilha Sonora: Maestro Mauro Sergio e Dr. Sérgio Dário Machado
Composições músicas com direitos autorais: Ricardo de Oliveira Lemos (in memoriam)
Filmagem, edição, cor e fotografia: Adilson Caetano – (produtora audiovisual)
Direção de fotografia: André Luís Soares
Assistente de fotografia: Reynaldo Monteiro
Assistente de produção: Dr. Sérgio Dário Machado.
Assistente de arte: Eliete Fonseca e Bárbara Pérez
Uber/ transporte: Eliane Borges das Chagas
Assessoria de imprensa: Isac do Nascimento (TV Alcance)
Designer gráfico: Marco Costa
Consultoria de roteiro: Dra. Fabíola Barreto
Cineasta e filmmaker : Adilson Caetano
Identidade Visual: Dr. Sérgio Dário Machado
Contabilidade: Ana Iris Lopes
Equipe Jurídica: Dra. Fabíola Barreto Saraiva e Dr. João Manuel de Souza Saraiva.
Voz abertura: Ivny Matos
Serviço:
Data: 19/03 (Quarta- Feira)
Horário: 22h
Onde assistir: https://www.youtube.com/@encantosdovale6602
Lançamentos presenciais: Escolas e Sede APAE de Marataízes (datas a definir)
